25 de junho de 2009

Tullio Guimarães


Foto de Djalma Atanásio

Desde a sua criação, em 1980, a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes tem sido, ao lado do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília, um espaço precioso dedicado à formação de atores e diretores, além do desenvolvimento de pesquisas e experimentações. Um dos agentes envolvidos nesse processo de ensino e pesquisa da faculdade é o professor e diretor Tullio Guimarães, que também ministra oficinas de teatro em outros espaços culturais da cidade. No fim da tarde de uma sexta-feira, antes de dar início às aulas do período noturno, Tullio conversou com o Cena Candanga sobre o papel que essas instituições tiveram na profissionalização do teatro brasiliense e na construção da nossa identidade.



Tullio Guimarães também falou ao Cena Candanga sobre o seu modo de fazer teatro. Questionado sobre o que tem mais peso em suas montagens, se a plasticidade do espetáculo ou o trabalho de ator, ele deixou claro que, apesar de sua praia ser a encenação, nas oficinas seu cuidado é maior com a instrumentalização dos atores, para que compreendam a linguagem teatral e aprendam as técnicas de expressão corporal a serem empregadas na construção e interpretação do personagem.




O espetáculo “Fragmentos Argivos”, apresentado em novembro de 2008 no Teatro Goldoni, foi resultado de uma oficina ministrada por Tullio Guimarães. Durante seis meses, foram trabalhadas com os alunos as tragédias gregas “Ifigênia em Aulis”, “As Troianas” e “Medéia”, de Eurípides, e “Antígona”, de Sófocles. Os textos foram escolhidos por dois motivos: primeiro, porque o diretor acredita que um conhecimento aprofundado é essencial para o entendimento do que é o fenômeno teatral e da sua importância histórica; segundo, porque as tragédias atendiam ao desejo de Tullio de colocar em reflexão o conceito de violência.




Tullio Guimarães acredita que todo teatro é político, uma vez que parte de uma intenção, que se propõe a trabalhar e colocar em discussão um conceito. Esta arte é, para o diretor, uma forma de expressão à qual não pode ser imposto um fim, porque ela pode ser feita em qualquer lugar e estabelece uma comunicação direta com o espectador.




O diretor, nascido em São Luís do Maranhão em 1963, desenvolve, há nove anos, um trabalho que não é muito comum em Brasília. O grupo “Viva a Vida”, coordenado por Tullio, surgiu do vigor de atores com mais de 55 anos, que tiveram suas vidas transformadas pelo teatro. A atriz Clara Luz foi quem lançou o desafio ao diretor, que, ao aceitá-lo, se viu diante de uma atmosfera de trabalho com a qual não tinha experiência. Sua busca em adaptar a dramaturgia aos alunos o fez constatar que não haviam textos que dialogassem diretamente com o público da terceira idade, o que o levou a tentar preencher por conta própria essa lacuna. A junção de oito textos, escritos por ele, sobre o mal de Alzheimer gerou o espetáculo “A Árvore da Memória”, apresentado em dezembro do ano passado no Teatro Dulcina.


Veja as fotos
da entrevista.

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